Se Jesus Era Judeu, Por Que Nossa Igreja é a Católica?
Se Jesus Era Judeu, Por Que Nossa Igreja é a Católica?

Se Jesus Era Judeu, Por Que Nossa Igreja é a Católica?

A questão sobre a origem de Jesus, sua fé judaica e a subsequente fundação da Igreja Católica é uma dúvida que permeia muitos corações e mentes. Se Jesus nasceu e viveu como judeu, por que a Igreja que Ele estabeleceu não é uma igreja judaica, mas sim a Igreja Católica? A resposta reside em uma compreensão mais profunda da missão de Cristo e da natureza do judaísmo. Este artigo busca elucidar essa conexão vital e mostrar como a Igreja de Cristo é, de fato, a Igreja Católica.

Para entender a transição, é fundamental compreender o que o judaísmo representa. O judaísmo não é apenas uma religião; ele abrange um povo, uma tradição e uma etnia. O termo “judeu” pode se referir tanto à fé judaica quanto à identidade étnica de um povo com cultura e tradições únicas.

Se Jesus Era Judeu, Por Que Nossa Igreja é a Católica?

Um indivíduo pode ser etnicamente judeu e, ainda assim, praticar outras religiões. Por exemplo, alguém de etnia judaica que se converte ao catolicismo pode ser considerado um judeu católico. Jesus, por sua vez, nasceu de uma mulher judia, Maria, e, portanto, é e será para sempre judeu em sua etnia.

Apesar de sua origem judaica, a missão de Jesus transcendeu as fronteiras do judaísmo. Sua vinda ao mundo tinha um objetivo grandioso: estabelecer a Nova Aliança, uma aliança destinada a todos os povos, e não apenas a Israel. No Antigo Testamento, a aliança de Deus era específica com o povo judaico. Com Jesus, essa aliança se expande, alcançando todas as pessoas da face da Terra, conforme profetizado em Isaías: “Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos”. Essa profecia apontava para um futuro onde a promessa de Deus seria universal.

Jesus, o Messias Prometido e o Fim da Espera

O judaísmo, em sua essência, é a religião da espera do Messias. Toda a Torá e os profetas giram em torno da esperança messiânica, aguardando a vinda de um ungido que traria a nova aliança e levaria a antiga lei à plenitude. Jesus é exatamente essa promessa cumprida. Ele afirma não ter vindo para abolir a lei, mas para cumpri-la e elevá-la à sua forma mais completa.

Com a chegada do Messias, o próprio propósito do judaísmo como “espera” se esgota. Se a natureza do judaísmo é aguardar o Messias, uma vez que Ele chegou, não há mais o que esperar. É como se o judaísmo fosse uma sala de espera; quando o nome é chamado, não faz mais sentido permanecer ali.

Quando Jesus declara “o tempo está cumprido, o Reino de Deus está próximo; convertei-vos e crede no Evangelho”, Ele anuncia o fim de uma era. A plenitude da revelação chegou. Aqueles que reconheceram Jesus como o Messias passaram a segui-lo em uma nova realidade: o cristianismo.

A Universalidade da Igreja: Além da Lei Mosaica

A transição para essa nova realidade é visível nos primórdios da Igreja Católica. No Concílio de Jerusalém, registrado nos Atos dos Apóstolos (Capítulo 15), os apóstolos decidiram que os gentios (não judeus) convertidos ao cristianismo não precisavam seguir a Lei Mosaica, como a circuncisão. Essa decisão foi crucial para a universalidade da fé.

São Paulo, em suas cartas, reforça essa ideia: “o fim da lei é Cristo, para a justificação de todo o que crê” (Romanos) e “não há mais judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gálatas). Isso demonstra que a distinção de povos para Deus havia sido superada; a religião era agora universal, ou em grego, katholikos – para todos.

Padres da Igreja como Santo Inácio de Antioquia e São Justino Mártir corroboraram essa visão. Inácio afirmava que viver segundo o judaísmo após Cristo era negar a graça, enquanto Justino via a Lei como uma sombra do futuro que Cristo trouxe à plenitude. Santo Irineu de Lyon descreveu a Igreja Católica como a “Israel herdeira das promessas feitas a Abraão”, indicando que as promessas divinas, antes direcionadas a um povo, foram passadas para a Igreja universal.

É importante notar que, durante sua vida pública, Jesus praticava o judaísmo, fazendo peregrinações e observando o sábado. Ele vivia a fé da época, pois sua Igreja ainda não havia se manifestado plenamente. No entanto, enquanto cumpria essas práticas, Ele também instituía os fundamentos da Igreja Católica: a Eucaristia na Última Ceia, o Batismo como rito de ingresso, o poder de perdoar pecados concedido aos Apóstolos (algo inédito no judaísmo) e o primado de Pedro sobre sua Igreja (Mateus 16).

O Nascimento e a Manifestação da Igreja de Cristo

A Igreja não teve um único “momento de inauguração”, mas sim um processo divino que remonta à concepção de Deus antes da criação do mundo. Ela é o propósito final de todas as coisas: a comunhão com Deus. No entanto, vários eventos marcam sua fundação e manifestação: a escolha dos Apóstolos, as promessas de Jesus (como o primado de Pedro), sua paixão, morte e ressurreição (do lado aberto de Cristo na cruz nasce o sacramento da Igreja, como dizem os Padres), e o Pentecostes.

O Pentecostes é o ponto culminante, a manifestação pública e universal da Igreja para todos os povos, marcando o início de sua missão evangelizadora. É nesse momento que a promessa do Espírito Santo se cumpre, capacitando os apóstolos a levar a mensagem de Cristo a todas as nações.

Portanto, a Igreja de Cristo é, sim, a Igreja Católica. Jesus era etnicamente judeu, e a Encarnação ocorreu no povo judaico, mas sua obra fundou algo novo e universal. Ele não praticaria a religião católica, pois a fé católica é a adoração a Ele próprio. Ele é o centro, o Alfa e o Ômega.

Quem deseja seguir a Igreja que Cristo fundou precisa seguir a Jesus Cristo e os sucessores daqueles Apóstolos que Ele definiu, que historicamente levam ao Papa Francisco. A linha de sucessão apostólica, desde Pedro, é uma prova histórica da continuidade da Igreja de Cristo.

Esperamos que esta reflexão ajude a dissipar dúvidas e aprofundar a compreensão sobre a fé. A conexão entre Jesus, o judaísmo e a Igreja Católica é um testemunho da universalidade do amor de Deus e de sua aliança com toda a humanidade.

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