Santo do Dia: Santo Ângelo d’Acri, um grande pregador das multidões – A Simplicidade que Venceu o Mal
Santo do Dia: Santo Ângelo d’Acri, um grande pregador das multidões – A Simplicidade que Venceu o Mal

Santo do Dia: Santo Ângelo d’Acri, um grande pregador das multidões – A Simplicidade que Venceu o Mal

Na vastidão do calendário dos santos, cada vida é um farol que ilumina um aspecto particular da infinita bondade de Deus. Hoje, voltamos nosso olhar para Santo Ângelo d’Acri, um Capuchinho que, após uma jornada cheia de reviravoltas e batalhas interiores, se tornou um dos mais poderosos arautos da Palavra divina, capaz de arrancar almas das garras do maligno com a força da fé e a simplicidade de seu discurso.

O Caminho Tortuoso de uma Vocação

A alma humana, palco de batalhas invisíveis, por vezes ecoa os embates mais ferozes não no campo de batalha externo, mas no silêncio do coração. Foi assim com Lucantonio Falcone, nascido em Acri, Calábria, em 1669. Criado em uma família de profunda fé, ele não enfrentou oposição externa à sua vocação religiosa; a verdadeira luta travava-se dentro dele. Aos quinze anos, o encontro com um carismático frei capuchinho acendeu uma chama, mas a hesitação ainda pairava.

Santo do Dia: Santo Ângelo d’Acri, um grande pregador das multidões – A Simplicidade que Venceu o Mal

Por duas vezes, Lucantonio vestiu o hábito franciscano, apenas para, meses depois, abandoná-lo. A atração pela vida secular, com o sonho de construir uma família, parecia desviar seus passos. Poderíamos facilmente ver nisso uma vocação frágil ou uma indecisão crônica. No entanto, olhamos com os olhos da fé e discernimos ali os primeiros e astutos ataques daquele que já antevia o quão incômodo aquele jovem se tornaria para seus planos: o diabo. A providência divina, porém, agiu com infinita paciência, e, na terceira vez, Lucantonio retornou ao convento, desta vez para sempre, entregando-se sem reservas à vontade de Deus.

De Lucantonio a Frei Ângelo: A Ordem e o Novo Nome

Ao fazer seus votos, Lucantonio recebeu um novo nome, Frei Ângelo, ecoando a pureza e a missão de um mensageiro celeste. Ordenado sacerdote no ano de 1700, ele não tardou a ser reconhecido não apenas pelos seus superiores, mas pelo povo simples, que o apelidou de “anjo da paz” e “apóstolo do Sul”. Embora as tarefas humildes e desafiadoras da Ordem Capuchinha ocupassem seu tempo, a pregação logo se revelou o seu dom mais proeminente e sua principal missão.

A Voz das Multidões: Transformação da Pregação

Por quase quarenta anos, Frei Ângelo percorreria cidades e vilarejos, levando a Palavra de Deus a multidões sedentas. No início de seu ministério, sua oratória era a esperada para a época: formal, retórica, talvez um tanto pomposa. Mas o Espírito Santo o guiou a um caminho mais direto e eficaz. Ele aprendeu a despir-se das palavras empoladas e a falar uma linguagem popular, clara, acessível, que ressoava nos corações dos camponeses, dos mais simples, daqueles que a sabedoria do mundo muitas vezes negligenciava. A espontaneidade e a sinceridade de sua pregação tocavam as almas, convertendo-as em massa.

Uma curiosidade notável revela a profundidade dessa transformação. Em Nápoles, chamado pelo Cardeal Pignatelli, Frei Ângelo pregou diante de intelectuais e nobres, que esperavam uma oratória erudita. Muitos ficaram desapontados com seu estilo “sem frescuras”, classificando-o como “esparso”. Mas não importava a avaliação humana, pois a sabedoria divina manifestava-se na simplicidade. Naquela mesma cidade, o único que realmente percebeu o “dano” que tal pregador poderia causar foi o diabo, que começou a temê-lo e boicotá-lo abertamente.

O Inimigo Invisível: A Luta Contra o Maligno

A vida de Santo Ângelo d’Acri é um testemunho pungente da realidade do combate espiritual. O maligno, furioso por ver tantas almas libertadas de seu domínio pela pregação do Capuchinho, investiu contra ele com ferocidade. Não foram apenas tentações sutis, mas ataques físicos brutais. Conta-se que Frei Ângelo foi encontrado com a cabeça esmagada, o corpo flagelado e as pernas a sangrar, depois de uma noite inteira de luta contra o diabo. O inimigo o insultava, chamando-o de “maltrapilho” e “ladrão”, por arrebatar as almas que ele julgava suas para sempre.

Nessa guerra espiritual, Santo Ângelo empregou não apenas a oração e a penitência, mas, assim como Padre Pio séculos depois, também o arma do bom humor. Uma gargalhada santa que desconcerta o príncipe das trevas, mostrando que o amor de Deus é mais forte do que todo o ódio infernal.

Um Legado de Fé e Conversão

Com pouco mais de setenta anos, após quase quatro décadas de pregação incansável e de um ministério exaustivo, Santo Ângelo partiu para a Casa do Pai em 30 de outubro de 1739. Sua vida, marcada por lutas e triunfos, foi um farol de esperança e conversão. Foi beatificado pelo Papa Leão XII em 1825 e, finalmente, canonizado pelo Papa Francisco em 2017, na Praça de São Pedro, um reconhecimento tardio, mas justo, da santidade heróica de um homem que se entregou totalmente a Deus e às almas.

A Mensagem de Santo Ângelo para Nós Hoje

A vida de Santo Ângelo d’Acri ressoa poderosamente em nossos tempos. Sua jornada nos ensina sobre a perseverança na vocação, seja ela qual for. As dúvidas iniciais de Lucantonio são um bálsamo para as almas vacilantes, mostrando que a santidade não é ausência de luta, mas a constância em buscar a Deus, mesmo quando o caminho parece incerto. Ele nos lembra que o inimigo espiritual é real e atuante, e que a vigilância, a oração e a confiança inabalável em Deus são nossas armas mais poderosas.

Mas talvez sua maior lição seja sobre a eficácia da simplicidade na evangelização. Não é a retórica vazia que transforma corações, mas a verdade proclamada com amor, clareza e humildade, despojada de artifícios, falada de coração para coração. Em um mundo saturado de informações complexas, a mensagem de Cristo precisa ser entregue de forma acessível, tocando a alma e não apenas a mente. Santo Ângelo é um exemplo poderoso de que o Reino de Deus é semeado nos corações mais simples e receptivos.

Que a coragem e a simplicidade de Santo Ângelo d’Acri nos inspirem a ser, hoje e sempre, arautos destemidos da Boa Nova, despojados de nós mesmos para que Deus brilhe em nós.

Fonte de inspiração: Canção Nova

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