Em um mundo cada vez mais ruidoso e disperso, a capacidade de ouvir os marginalizados tornou-se um verdadeiro desafio e, ao mesmo tempo, uma necessidade urgente. Recentemente, a Igreja e o Papa trouxeram à tona uma reflexão profunda sobre a importância da escuta atenta, não apenas como um ato de caridade, mas como um caminho essencial para a construção da paz e o fortalecimento das comunidades.
A mensagem do Pontífice ecoa um chamado antigo, mas eternamente relevante: a necessidade de silenciar o burburinho para dar espaço às vozes que, muitas vezes, são sufocadas. Ele nos lembra que a verdadeira conexão e o entendimento surgem quando nos dispomos a escutar com o coração, enxergando no outro a imagem de Cristo.
A Homenagem e a Inspiração Agostiniana
O Papa Leão XIV, em uma videomensagem inspiradora, agradeceu a Medalha de Santo Agostinho da Província de Santo Tomás de Villanova, nos Estados Unidos. A honraria, concedida no dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica do Bispo de Hipona, reconheceu sua liderança no serviço, seu compromisso a favor dos marginalizados, seu testemunho dos valores agostinianos e o exemplo que oferece como Pastor universal.
O Pontífice, que se declarou devedor do espírito e dos ensinamentos de Santo Agostinho, ressaltou a importância do espírito comunitário. Ele recordou que foi através da oração de sua mãe, Mônica, e das boas pessoas ao seu redor que Agostinho encontrou a paz para seu coração irrequieto. Essa mesma comunidade impulsionou padres como Matthew Carr e John Rossiter a levar o Evangelho a imigrantes irlandeses e alemães no século XVIII.
“Ainda hoje somos chamados a levar adiante esta herança de serviço amoroso a todo o povo de Deus”, afirmou o Papa. Ele enfatizou que o Evangelho nos desafia, agora mais do que nunca, a nos recordar de ver o próximo com os olhos de Cristo. Este olhar compassivo é o primeiro passo para verdadeiramente ouvir os marginalizados.
A Arte de Ouvir em um Mundo Ruidoso
A paz, como destacou o Pontífice, não é apenas um grande ideal, mas começa nas pequenas ações e palavras. E, antes de falar, como ensinava Santo Agostinho, é preciso ouvir. Nesse contexto, o Papa encorajou a Igreja, em sua natureza sinodal, a se empenhar novamente na arte de ouvir por meio da oração, do silêncio, do discernimento e da reflexão.
“Temos a oportunidade e a responsabilidade de ouvir o Espírito Santo, de ouvir uns aos outros, de ouvir a voz dos pobres e das pessoas marginalizadas“, recordou. É em nossos corações que Deus nos fala, e muitas vezes, Ele ecoa nas vozes daqueles que a sociedade tende a calar. Este convite à escuta é um pilar para a construção de um mundo mais justo e equitativo.
O Chamado à Ação: Mais do que Apenas Escutar
O Bispo de Hipona ia além da simples escuta, recomendando a “atenção do coração”. Em um mundo repleto de ruídos – mensagens que alimentam nossa inquietação e roubam nossa alegria – Leão XIV nos conclama a filtrar esse burburinho e a abrir mentes e corações a Deus e ao Seu amor. É um processo ativo de discernimento, onde a escuta se traduz em ação.
Para uma comunicação verdadeiramente eficaz, que transcenda o superficial e construa pontes, é fundamental cultivar a empatia e a capacidade de escuta profunda.
O Papa nos convida a fortalecer nossa missão comum, como Igreja e comunidade, de promover a paz, viver na esperança e refletir a luz e o amor de Deus no mundo. Isso passa por reconhecer e valorizar cada vida, garantindo que as vozes esquecidas não só sejam ouvidas, mas que suas necessidades e aspirações sejam atendidas. A escuta ativa é um passo vital para a inclusão social e para a solidariedade, como também ressalta a importância de uma Igreja que caminha junto, ouvindo a todos.
Que possamos, inspirados por esta mensagem, nos esforçar para ouvir os marginalizados e, assim, contribuir para um mundo onde a paz e a esperança prevaleçam.
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