Por Que Deus Não Muda de Ideia Mesmo na Oração?
Por Que Deus Não Muda de Ideia Mesmo na Oração?

Por Que Deus Não Muda de Ideia Mesmo na Oração?

Nos momentos de oração, podemos nos questionar: “Será que Deus muda de ideia?” É comum, e algumas passagens bíblicas podem, à primeira vista, sugerir que sim. Contudo, a fé católica e a doutrina da Igreja revelam uma verdade mais profunda: Deus é totalmente imutável. Esta é a essência da simplicidade divina.

Deus não é feito de partes, nem afetado por emoções ou vontades volúveis. Ele é perfeito, eterno e constante, diferente de nós, que somos influenciados pelo tempo e pelas circunstâncias. Se Deus é imutável, então por que rezar? Qual o sentido de pedir a Ele se Seu plano perfeito não pode ser alterado?

Por Que Deus Não Muda de Ideia Mesmo na Oração?

A Imutabilidade Divina e a Oração Eficaz

A resposta reside na sabedoria infinita de Deus, que inclui nossa oração em Seu plano eterno. Ele não muda de ideia por nossos pedidos; na verdade, Ele já sabia, desde toda a eternidade, que faríamos essas súplicas. Assim, em Seu plano, Deus age em resposta às orações que Ele próprio sabia que seriam feitas.

Por exemplo, se você pede uma graça hoje, Deus, onisciente, já sabia desse pedido. Desde antes da fundação do mundo, Ele desejou conceder essa graça precisamente por meio da sua oração. Sua súplica não altera o plano divino, mas já está contemplada nele. É como saber de uma conta futura e já ter o dinheiro reservado: o planejamento divino já abrange o evento da oração, decretando Suas ações com base nela.

Como Entender as Passagens Bíblicas sobre a “Mudança” de Deus?

Muitos apontam passagens bíblicas que parecem mostrar Deus mudando de ideia, como o episódio de Ezequias em Isaías 38:1-6. O profeta anuncia sua morte, Ezequias ora, e Deus então lhe acrescenta 15 anos de vida. Essa narrativa, embora pareça uma mudança, pode ser entendida como parte de um desejo eterno de Deus.

Deus sabia que Isaías anunciaria a morte de Ezequias, que o rei oraria e que, em resposta a essa oração, Ele o curaria. Tudo isso estava no plano eterno de Deus. O anúncio inicial serviu para estimular a oração de Ezequias, sendo o meio pelo qual Deus cumpriria Sua vontade eterna. Deus não alterou Seu plano; Ele o conduziu de forma a incluir a oração do rei.

A Bíblia usa uma linguagem humana para Deus para facilitar nosso relacionamento com Ele. Se Ele se apresentasse apenas como “Eu nunca mudo”, pareceria distante. Na pedagogia divina, Deus usa expressões que nos permitem nos aproximar d’Ele com confiança, mesmo que isso signifique parecer “mudar de ideia” em termos humanos.

São Tomás de Aquino esclarece: “Mudar à vontade é uma questão e desejar uma mudança é outra. Uma pessoa pode desejar que algo aconteça agora e o contrário depois, sem que sua vontade mude.” A vontade de Deus abrange tudo em Seu plano eterno, sem que Ele mesmo seja alterado por isso.

Outro exemplo é Gênesis 6:6, onde se diz que Deus se “arrependeu” de ter criado o ser humano. Esta é uma forma antropomórfica de descrever a dor de Deus diante do pecado humano, não um erro ou arrependimento em nosso sentido. Deus não comete equívocos.

Essa forma de revelação faz parte da teologia progressiva. Deus revela as verdades da fé gradualmente, conforme a capacidade de compreensão da humanidade. No Antigo Testamento, a complexidade da simplicidade divina era inacessível, e Deus usou imagens e expressões mais diretas, preparando o caminho para a revelação plena em Jesus Cristo.

Agindo com sabedoria perfeita, Deus evitou uma comunicação inicial que poderia afastar as pessoas. Ao se apresentar como um Pai que ouve e responde, Ele abriu espaço para o relacionamento, e nesse processo, vamos compreendendo melhor Sua verdadeira natureza.

Assim, podemos rezar com plena confiança. A oração não é para convencer Deus a mudar, mas para nos unir à Sua vontade. Longe de ser inútil, nossa oração é o meio que Deus escolheu para agir em nossas vidas. Ela nos transforma, nos aproxima d’Ele e é eficaz porque faz parte de Seu eterno plano de amor.

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