O casamento é um dos mais belos e desafiadores sacramentos da Igreja Católica. Para alguns, ele representa a promessa de um “felizes para sempre”, um verdadeiro conto de fadas onde todos os problemas simplesmente desaparecem. Para outros, talvez marcados por experiências passadas ou pela ausência de exemplos positivos, o matrimônio parece uma ilusão, uma fonte garantida de desilusão. No entanto, a verdade sobre o casamento santo reside em algum lugar entre esses dois extremos, revelando-se como uma vocação divina e um caminho concreto de santificação mútua.

Então, qual é o verdadeiro propósito do casamento, além da procriação e educação dos filhos? O objetivo primordial é ajudar um ao outro a chegar ao céu. No dia do casamento, diante do altar, prometemos a vida inteira a um parceiro, com quem vamos correr a corrida da fé em direção à eternidade. Essa é a meta, como vemos em Efésios 5: ajudar-se mutuamente na santidade, impulsionar um ao outro para a glória de Deus.

O Verdadeiro Propósito do Casamento Santo

Longe da ideia de que o casamento resolverá todos os problemas, a realidade é que ele, na verdade, os expõe. Viver 24 horas por dia, 7 dias por semana, com outra pessoa significa que todas as suas imperfeições, medos e feridas virão à tona. Mas é aí que reside a beleza e o poder transformador de um casamento santo: seu cônjuge é a pessoa que o amará através de tudo isso. Como um amigo sabiamente disse, “não é mais minha ferida, é nossa ferida“. O matrimônio é um caminho de vida partilhada, onde as dificuldades são enfrentadas juntos, fortalecendo a união e aprofundando o amor. É nesse compartilhar vulnerável que a graça divina opera, moldando-os e aperfeiçoando-os como indivíduos e como casal. É um exercício contínuo de auto-doação e recebimento do amor do outro, refletindo o amor de Cristo pela Igreja.

Desafios e Imperfeições: Abraçando a Graça no Matrimônio

Muitas pessoas hesitam em se casar por medo de não serem perfeitas ou de não terem tudo “em ordem”. Há uma preocupação quase escrupulosa de que a perfeição seja um pré-requisito para dizer “sim” a uma vocação tão grandiosa. Mas essa é uma armadilha. Ninguém estará no lugar perfeito para se casar, para aceitar um filho, ou para responder a qualquer chamado de Deus. A santidade não é um estado pré-existente que adquirimos antes de agir, mas sim um processo que acontece no fazer, no dizer “sim” e no convidar a graça de Deus para derramar-se sobre nossas imperfeições. É na jornada, nas tentativas e erros, no apoio mútuo e na busca contínua pela vontade de Deus que o casamento santo floresce.

Isso não significa que não devemos nos preparar. Pelo contrário, devemos fazer um inventário honesto de nós mesmos: quais são minhas fraquezas? Quais feridas estou trazendo? Devemos buscar crescimento em transparência, direção espiritual, terapia (se necessário) e nutrir amizades boas e santas. Tudo isso nos prepara para o sucesso no altar. E se você nunca teve um bom exemplo de casamento em sua vida, comece a rezar por eles. Reze para que Deus lhe mostre casais que vivam um matrimônio santo, que o inspirem e demonstrem que é, de fato, possível. Como aponta o Catecismo da Igreja Católica, o consentimento matrimonial é “o ato da vontade pelo qual um homem e uma mulher se doam e se aceitam mutuamente” (veja o Catecismo). É um “sim” em meio às imperfeições, confiando na graça de Deus.

A Espera Divina e a Escolha Certa para um Casamento Santo

Há dois pontos cruciais para um casamento santo e duradouro. O primeiro é a importância de *quem* você escolhe para casar. Não se contente com menos por luxúria, por medo de ficar sozinho ou por pressão social. É fundamental esperar pelo tempo de Deus. Embora a espera possa ser longa – algumas pessoas esperam até os 20, 30, 40 ou até 50 anos para encontrar seu cônjuge – ela sempre vale a pena. O que você ganha ao esperar no Senhor é infinitamente maior do que o que você pode perder ao se apressar e tomar as rédeas nas suas próprias mãos, como Adão e Eva fizeram.

A pessoa com quem você se casa afetará não apenas você, mas também gerações – seus filhos, os filhos de seus filhos. Essa decisão tem um impacto eterno. Portanto, não se assuste, mas leve a sério a importância de confiar nos planos de Deus. Quando você espera, é incrível como os planos de Deus são sempre melhores que os nossos. A sabedoria divina na escolha do parceiro é um dos pilares de um casamento santo.

Cultivando e Protegendo o seu Casamento Santo

O segundo ponto é trabalhar em si mesmo e juntos. Crescemos em santidade individualmente e como casal. São Paulo nos lembra que nossa vocação, especialmente o casamento, é um “chamado celestial em um vaso terreno”. O diabo odeia casamentos bons e santos, e por isso, devemos estar cientes de que precisamos proteger essa união. Como estamos guardando nosso casamento? Como conhecemos nossas fraquezas e armadilhas? Como oramos juntos?

Talvez nunca tenhamos tido um modelo de casamento fiel, de alguém que permaneça nos bons e maus momentos, na doença e na saúde, até que a morte os separe. Mas não estamos condenados a repetir os erros de nossos pais ou os ciclos que nos foram impostos. Podemos dizer “sim” ao plano de amor de Deus para nós e criar um casamento santo e feliz para nós e para as gerações futuras. Como casal, a comunicação constante é vital, assim como a prestação de contas mútua. É uma comunidade embutida, um companheirismo que o ajuda a chegar ao céu. Perguntem um ao outro: “Como está sua vida espiritual? Como podemos orar juntos? Como estamos emocionalmente? E com as crianças?” É uma jornada de crescimento constante, onde um apoia o outro. Quando um está cansado, o outro encoraja. Quando um está doente, o outro ama e cuida. É essa parceria e comunidade que nos ajudam a correr a corrida da vida da melhor forma possível.

Se você sente o chamado ao matrimônio, comece a rezar por bons exemplos e invista em sua própria santidade e saúde agora, estando solteiro. Isso beneficiará imensamente sua vocação, seja ela o celibato ou a vida matrimonial. Depois, quando casado, o crescimento em santidade será uma jornada a dois, sempre buscando a Deus e um ao outro.

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