A palavra exorcismo muitas vezes evoca imagens de filmes e cenas dramáticas, mas sua verdadeira essência é muito mais profunda e está enraizada na fé cristã. Longe das representações cinematográficas de cabeças girando, o exorcismo, em seu sentido mais amplo, significa a expulsão do mal. Curiosamente, todo cristão batizado carrega em si uma capacidade exorcística.
Quando a luz de Cristo entra em um ambiente ou na vida de uma pessoa, as trevas recuam. Assim como uma pequena vela é suficiente para dissipar a escuridão em um quarto, a presença de um cristão na graça de Deus é, por si só, uma manifestação de luz que o mal não pode suportar. É um poder intrínseco que muitas vezes desconhecemos.
A Verdadeira Ação do Exorcismo e o Papel da Igreja
O mal atua de duas maneiras principais: a ordinária e a extraordinária. A ação ordinária se manifesta através da tentação, uma sugestão constante ao pecado. Esta é a forma mais comum e sutil pela qual o inimigo tenta desviar as pessoas do caminho de Deus.
Já os modos extraordinários de atuação do mal são muito mais raros. De cada 100 casos onde se supõe uma influência maligna, apenas cerca de três se confirmam. Entre eles, o grau mais elevado é a possessão, onde o demônio assume o controle das faculdades da pessoa, que perde a noção de si.
Outras manifestações extraordinárias incluem a obsessão, que afeta os pensamentos, e a infestação, que ocorre em lugares, objetos, ou até animais, manifestando-se como fenômenos estranhos. Há também a vexação, que são ataques físicos externos à pessoa, como ferimentos ou dores inexplicáveis. Para esses casos, a Igreja Católica possui um processo rigoroso e um acompanhamento específico.
A Igreja age com extrema seriedade e cautela ao lidar com a ação do mal. Antes de considerar qualquer intervenção espiritual, é praxe uma avaliação multidisciplinar. Isso inclui a participação de psicólogos, psiquiatras e médicos, que buscam descartar quaisquer causas psicológicas ou de saúde que possam estar por trás dos sintomas.
Somente após esgotadas todas as explicações naturais e científicas, e havendo indícios claros de uma ação demoníaca, a Igreja prossegue com o discernimento espiritual. O exorcista é um sacerdote nomeado por seu bispo diocesano, que é a autoridade máxima em sua diocese para tais questões.
Como Viver na Graça de Deus para se Proteger do Mal
O maior escudo contra a ação do mal, seja ela ordinária ou extraordinária, é a permanência na graça de Deus. Uma pessoa que vive em estado de graça torna o diabo inofensivo em sua vida, pois ele não consegue penetrar onde a presença divina é forte. Mas como se alcança e se mantém esse estado?
A resposta reside em práticas simples, mas poderosas da fé católica:
- Uma boa confissão, realizada com sinceridade e um exame de consciência aprofundado.
- A participação frequente na Missa Dominical, seguida da digna recepção da Eucaristia.
- A recitação diária do Terço em família, dedicando um tempo para a oração conjunta.
- A leitura constante do Evangelho do dia, alimentando-se da Palavra de Deus.
Essas são as armas espirituais que o cristão já possui. Ao praticá-las com fervor e constância, a pessoa se blinda contra as tentações e as investidas do mal. Muitas vezes, quem busca ajuda para problemas que parecem ser espirituais, encontra a solução completa ao retomar uma vida de sacramentos e oração.
Acreditar na bênção de Deus e viver em conformidade com seus preceitos é a chave. Como se diz, “o que afunda o navio não são as águas que o cercam, mas as que estão dentro”. Mantenha seu “navio” (sua alma) livre de brechas e a graça divina o fará flutuar, mesmo em meio às maiores tempestades.







