A Eucaristia, centro da fé católica, une-nos intimamente a Jesus Cristo. Contudo, diversas crenças populares são, na verdade, mitos que geram confusão. Esclarecer esses equívocos é crucial para uma vivência mais profunda e reverente deste mistério sagrado.
Este artigo desmistifica cinco mitos comuns sobre a Eucaristia, apresentando a verdade conforme os ensinamentos da Igreja Católica. Aprofunde seu conhecimento e fortaleça sua fé no Santíssimo Sacramento.
Desvendando os Mitos sobre a Eucaristia
Mito 1: É pecado mastigar a Hóstia consagrada
Uma crença difundida é que mastigar a Hóstia seria desrespeitoso. Essa ideia, porém, não procede. A Hóstia dissolve-se facilmente, mas não há problema em mastigá-la se necessário. Jesus nos convida: “Tomai, comei; isto é o meu corpo” (Mateus 26,26). O ato de comer naturalmente implica mastigação.
Portanto, mastigar a Hóstia não é pecado ou sacrilégio. A atenção deve estar na reverência e em garantir que nenhuma partícula se perca. Após a comunhão, verifique e ingira quaisquer micropartículas remanescentes.
Mito 2: Comungar sob duas espécies é mais completo ou poderoso
A noção de que receber a Eucaristia sob as duas espécies (Corpo e Sangue de Cristo) é uma forma mais plena ou poderosa de participação eucarística é um mito. A doutrina católica ensina que Jesus está presente de forma real e completa em cada uma das espécies consagradas – seja na Hóstia (Corpo) ou no vinho (Sangue).
Comungar apenas uma espécie ou ambas confere a mesma plenitude de Cristo. Ele está vivo e ressuscitado, indivisível. A distribuição sob uma espécie ocorre por praticidade e para minimizar riscos de profanação. Casos de celíacos, por exemplo, que comungam apenas o Sangue, comprovam que Cristo está inteiro.
Mito 3: Não se pode comungar mais de duas vezes no mesmo dia ou deve-se esperar um intervalo de horas
Há muita confusão sobre o número de comunhões diárias e o tempo entre elas. O Código de Direito Canônico (cân. 917) é explícito: “Quem já recebeu a Santíssima Eucaristia, pode recebê-la de novo no mesmo dia somente dentro da celebração eucarística em que participa”. Isso permite até duas comunhões no mesmo dia.
A condição crucial é que a segunda comunhão ocorra *dentro de uma Santa Missa*. Se a primeira foi fora da Missa (viático ou Celebração da Palavra), a segunda *deve* ser em uma Santa Missa. Não há intervalo de tempo mínimo exigido. A Missa, por ser a renovação do sacrifício de Jesus, justifica essa distinção.
Mito 4: É obrigatório manter o jejum eucarístico após a Comunhão
O jejum eucarístico exige abstenção de alimentos e bebidas (exceto água e remédios) por, no mínimo, uma hora *antes* da Comunhão. No entanto, é um mito pensar que essa obrigatoriedade se estende para *depois* de receber a Eucaristia.
Embora normas antigas fossem mais rigorosas, o Código de Direito Canônico atual não exige jejum pós-eucarístico. Não há proibição de comer imediatamente após a Missa. O foco principal do jejum eucarístico reside na preparação prévia.
Mito 5: Pequenas partículas da Hóstia consagrada não são Jesus
Este é talvez o mito mais grave. A crença de que pedacinhos minúsculos da Hóstia não são Jesus é falsa. O Catecismo da Igreja Católica (CIC 1377) ensina que Jesus Cristo está “todo inteiro em cada uma das espécies e em cada uma das suas partes, de modo que a fração do pão não divide Cristo”. Isso significa que a menor micropartícula é o próprio Cristo, com Corpo, Sangue, Alma e Divindade, de forma real e completa. Portanto, o zelo e a atenção ao receber a Eucaristia devem ser extremos, para que nenhuma partícula se perca. A atitude de “nojo” ou medo de contaminação ao comungar na boca demonstra profunda falta de fé na divindade de Jesus, sendo indigna de um cristão.
A preferência é por receber a Comunhão na boca. Se houver motivo grave para receber na mão, faça-o corretamente: mão esquerda sobre a direita (para destros), receba a Hóstia e, com a outra mão, leve-a imediatamente à boca, verificando e consumindo quaisquer micropartículas remanescentes. Manuseios impróprios são uma afronta.
A Eucaristia é o supremo presente de amor de Jesus. Compreender a verdade sobre este sacramento não apenas desfaz equívocos, mas aprofunda nossa adoração e gratidão. Que, ao desvendar esses mitos, possamos nos aproximar ainda mais do Senhor presente no pão e no vinho consagrados, recebendo-o sempre com a dignidade e reverência que Ele merece.







