Como funciona um conclave? Como é escolhido um novo papa?

Com o falecimento recente do Papa Francisco, muitos fiéis ao redor do mundo têm buscado compreender melhor o que acontece agora com a liderança da Igreja Católica. Em meio à dor pela perda, surge uma pergunta comum: como é escolhido um novo papa? Esse processo, repleto de simbolismo, tradição e rigor, é conhecido como conclave. Neste artigo, vamos explicar de forma detalhada e acessível como ele funciona.

O que é o conclave?

O conclave é a reunião solene dos cardeais eleitores da Igreja Católica com o objetivo de escolher um novo Santo Padre, o Papa. A palavra vem do latim cum clave, que significa “com chave”, referindo-se ao fato de os cardeais ficarem trancados em um local, sem contato com o mundo exterior, até que o novo Papa seja escolhido.

Quando o conclave é convocado?

O conclave é convocado quando ocorre a morte ou renúncia de um Papa. No caso atual, com o falecimento do Papa Francisco, é esperado que o conclave tenha início entre 15 e 20 dias após sua morte. Esse prazo serve para que todos os cardeais eleitores possam chegar ao Vaticano.

Quem pode participar do conclave?

Somente os cardeais com menos de 80 anos de idade na data da morte do Papa têm o direito de votar. Esses cardeais são chamados de cardeais eleitores. Embora possam votar e serem votados, nenhum cardeal pode votar em si mesmo.

Atualmente, estima-se que o número de cardeais eleitores varie entre 110 e 120.

Onde ocorre o conclave?

Os cardeais eleitores ficam hospedados na Casa de Santa Marta, dentro do Vaticano. Diariamente, eles se deslocam até a Capela Sistina, onde ocorrem as votações. A Capela Sistina é famosa por suas obras de arte, como o teto pintado por Michelangelo, mas também é o local oficial de eleição dos Papas desde o século XV.

A Missa “Pro Eligendo Papa”

O conclave tem início com uma missa solene na Basílica de São Pedro, chamada “Pro Eligendo Papa” (Para a eleição de um Papa). Nessa celebração, os cardeais pedem a assistência do Espírito Santo para escolherem o sucessor de Pedro.

Depois da missa, os cardeais retornam à Casa de Santa Marta e, posteriormente, seguem para a Capela Sistina, onde pode ocorrer a primeira votação.

Como funcionam as votações?

Nos dias seguintes, os cardeais participam de até quatro rodadas de votação por dia: duas pela manhã e duas à tarde. Cada cardeal recebe uma cédula de papel com a inscrição Eligo in Summum Pontificem (“Elejo como Sumo Pontífice”), onde escreve o nome do cardeal escolhido.

Importante: A letra deve ser clara, impessoal e não pode haver identificação. O voto é colocado em uma urna especial, em uma cerimônia solene e silenciosa.

As funções durante a votação

Durante o conclave, são sorteados cardeais para cumprir funções essenciais:

• Escrutinadores: Contam e verificam os votos.
• Revisores: Conferem se a contagem foi feita corretamente.
• Infirmarii: Levam as cédulas para cardeais doentes ou com dificuldade de locomoção.

Esses sorteios ocorrem em três rodadas e garantem a transparência e lisura do processo.

Como é feita a apuração dos votos?

Cada voto é cuidadosamente aberto, lido e registrado. Um dos escrutinadores lê o nome escrito, outro confere, e o terceiro pronuncia em voz alta. Em seguida, as cédulas são perfuradas e costuradas juntas com linha, formando um círculo.

Ao final da contagem, as cédulas são levadas para os fornos e queimadas.

A fumaça: sinal para o mundo

Após cada votação, as cédulas são queimadas em um forno especial. O tipo de fumaça gerado avisa ao mundo o resultado:

• Fumaça preta: Nenhum papa foi escolhido.
• Fumaça branca: Um novo papa foi eleito.

Curiosidade: Desde o conclave de 2005, um segundo forno é usado para garantir a cor exata da fumaça.

Quantos votos são necessários?

Para que um cardeal seja eleito Papa, ele precisa de dois terços dos votos dos cardeais presentes. Por exemplo, se houver 120 eleitores, são necessários 80 votos para eleger o novo pontífice.

Se após três dias de votação ninguém for escolhido, a votação é suspensa por um dia. A votação pode continuar até o 34º escrutínio. Depois disso, apenas os dois mais votados passam para a fase final, mas ainda é exigido o quorum de dois terços para a eleição.

A aceitação da eleição

Quando um cardeal atinge os votos necessários, o camerlengo (cardeal responsável pelo protocolo) se aproxima e pergunta: “Aceitas tua eleição canônica para Sumo Pontífice?”

Se o cardeal responder “Accepto“, a eleição é oficializada. O novo Papa escolhe então o nome pelo qual deseja ser chamado.

A Sala das Lágrimas

Em seguida, o novo Papa é levado à chamada Sala das Lágrimas, onde veste pela primeira vez as vestes papais. O nome do local se deve à forte carga emocional do momento, em que muitos eleitos se emocionam e choram.

O anúncio ao mundo: “Habemus Papam!”

Por fim, o cardeal protodiácono surge na sacada da Basílica de São Pedro e anuncia em latim: “Habemus Papam!” (“Temos um Papa!”). Em seguida, revela o nome de batismo e o nome papal escolhido.

O novo pontífice aparece logo depois, abençoa a multidão e faz sua primeira saudação ao povo.

O conclave é um dos eventos mais solenes e emocionantes da Igreja Católica

O conclave combina espiritualidade, tradição e responsabilidade, refletindo a importância do papel do Papa como sucessor de Pedro e guia espiritual de mais de um bilhão de católicos.

Neste momento de transição, com a perda do Papa Francisco, entender esse processo é essencial para acompanhar os próximos passos da história da Igreja. Que o novo Papa, quando eleito, possa continuar guiando o povo com sabedoria, compaixão e coragem.