Por Que os Evangelhos Apócrifos Ficaram Fora da Bíblia?
Por Que os Evangelhos Apócrifos Ficaram Fora da Bíblia?

Por Que os Evangelhos Apócrifos Ficaram Fora da Bíblia?

Você já ouviu falar dos Evangelhos Apócrifos? O termo “apócrifo” significa “oculto” e refere-se a textos antigos sobre Jesus que não foram incluídos na Bíblia. Diferente dos Evangelhos canônicos (Mateus, Marcos, Lucas e João), aceitos como inspirados, os apócrifos foram rejeitados pela Igreja.

Este artigo explora o que são e por que não fazem parte do cânon bíblico, desvendando como essa decisão foi tomada ao longo dos séculos com base em critérios teológicos e históricos rigorosos.

Por Que os Evangelhos Apócrifos Ficaram Fora da Bíblia?

O Que São os Evangelhos Apócrifos?

Os Evangelhos Apócrifos surgiram nos primeiros séculos do cristianismo, um período de grande expansão da fé, mas também de diversas interpretações sobre a mensagem de Jesus. Muitos desses textos foram escritos por grupos que divergiam da fé apostólica, ou seja, dos ensinamentos originais transmitidos pelos apóstolos e discípulos diretos de Cristo.

Um exemplo é o gnosticismo, uma corrente de pensamento que misturava cristianismo com outras filosofias e buscava a salvação por meio de um “conhecimento especial” (gnose), em vez da fé e dos sacramentos ensinados pela Igreja. Frequentemente, os autores dos apócrifos eram anônimos e atribuíam suas obras a figuras importantes como Tomé ou Maria Madalena para lhes dar falsa autoridade, mas sem ligação com a verdadeira tradição apostólica.

Os Critérios da Igreja para o Cânon Bíblico

A Igreja Católica teve o papel crucial de discernir quais escritos eram genuinamente inspirados por Deus para compor o Novo Testamento. Esse processo de formação do cânon bíblico foi rigoroso, baseado em critérios específicos para garantir a fidelidade à doutrina cristã e à palavra de Deus.

Autoridade Apostólica

Um critério fundamental era a autoridade apostólica. A Igreja verificava se o autor tinha ligação direta com os apóstolos. Textos de testemunhas oculares da vida de Jesus ou de seus discípulos diretos possuíam uma autoridade especial, assegurando a pureza dos ensinamentos originais.

Ortodoxia Doutrinal

Outro ponto essencial era a ortodoxia doutrinal, ou seja, a conformidade dos ensinamentos com a fé apostólica transmitida desde o início. Livros que contradiziam doutrinas centrais, como a Encarnação de Jesus (Deus feito homem), eram rejeitados por estarem em desacordo com a verdade revelada.

Uso Litúrgico

Observava-se também quais livros eram amplamente utilizados nas celebrações litúrgicas das comunidades cristãs. O uso constante na missa era um forte indicativo de que o texto era considerado inspirado e alinhado com a fé praticada pelos fiéis, refletindo sua aceitação pela comunidade.

Diferenças Marcantes dos Evangelhos Apócrifos

Para compreender melhor a rejeição dos Evangelhos Apócrifos, é útil analisar alguns exemplos e suas divergências em relação aos textos canônicos.

Evangelho de Tomé

Este texto do século I ou II é uma coleção de ditos de Jesus, sem a narrativa de sua vida, morte e ressurreição. Influenciado pelo gnosticismo, ele sugere uma salvação via conhecimento secreto, contrastando diretamente com a salvação pela fé em Cristo e pela graça divina ensinada pela Igreja.

Evangelho de Pedro

Escrito por volta do século II, embora tente narrar a Paixão e Ressurreição, inclui elementos fantasiosos, como a cruz flutuando no ar e falando. Essas descrições exageradas se afastam do realismo e da sobriedade dos Evangelhos canônicos, que se focam em testemunhos mais diretos.

Protoevangelho de Tiago

Focado na infância da Virgem Maria e de Jesus, este texto contém muitas histórias não presentes na tradição apostólica. Embora não seja diretamente herético, seus relatos detalhados sobre a infância de Maria no Templo, por exemplo, não possuem a mesma autoridade dos textos inspirados, por não estarem fundamentados nos apóstolos.

A exclusão dos Evangelhos Apócrifos do cânon bíblico não foi arbitrária. Foi resultado de um profundo discernimento teológico e espiritual da Igreja, que, em concílios como o de Cartago (397) e Trento (1545-1546), reafirmou os critérios de autoridade apostólica, ortodoxia doutrinal e uso litúrgico.

Essa ação preservou a pureza da fé cristã, garantindo que os Evangelhos que hoje temos na Bíblia sejam testemunhos fiéis e autênticos da mensagem de salvação de Jesus Cristo, transmitida e preservada ao longo dos séculos.

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