Identidade Cristã: O Caminho da Construção Pelo Amor Ágape
Identidade Cristã: O Caminho da Construção Pelo Amor Ágape

Identidade Cristã: O Caminho da Construção Pelo Amor Ágape

A busca pela identidade é uma jornada universal. No entanto, muitas vezes nos definimos por rótulos superficiais: o time que torcemos, a empresa onde trabalhamos, nossas posses. Mas qual é a nossa identidade mais profunda, especialmente para aqueles que se declaram cristãos? A Palavra nos guia em João, capítulo 13, versículo 35, onde Jesus afirma: “Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros.” Essa é a base de nossa Identidade Cristã.

Se buscarmos referências, uma antiga peça teatral, “Covardes”, apresenta um diálogo marcante: um jovem indaga a Pedro sobre o que o cristianismo oferece, já que Roma dá força e a sabedoria já existe. A resposta de Pedro é clara: “O cristianismo dá o amor.” Essa simples verdade ecoa até hoje, confrontando-nos com uma realidade difícil: por que é tão desafiador amar? Quantas vezes ouvimos essa mensagem e, ainda assim, permanecemos no mesmo lugar?

Identidade Cristã: O Caminho da Construção Pelo Amor Ágape

A Verdadeira Identidade Revelada pelo Amor

Parece que ignoramos o convite de Jesus para amar. É difícil desejar o bem, fazer o bem, querer o bem. Observamos a dorzinha de cotovelo quando alguém conquista algo bom, revelando que, talvez, não acreditemos verdadeiramente na potência desse ensinamento. Muitos consideram as palavras de Jesus uma utopia. No entanto, os primeiros discípulos foram chamados de cristãos em Antioquia porque a forma como viviam era tão marcante que as pessoas diziam: “Esse povo se parece com o Cristo, então são cristãos.”

Será que, se aqueles mesmos observadores nos olhassem hoje, em nossas comunidades, diriam o mesmo? Será que nossa identidade mais profunda tem sido o amor? Temos esquecido de quem realmente somos: seres únicos, originais e, acima de tudo, sagrados. Perdemos a consciência de nossa sacralidade, de onde reside nossa fonte. Esse esquecimento nos leva ao mau humor, à dificuldade de cuidar do outro, porque o amor que Jesus propõe não é o amor-caridade apenas, mas o amor ágape – o amor sem interesse.

É o amor que nos impulsiona a cuidar do outro mesmo quando ele não tem nada a nos oferecer. Não é um amor interesseiro que busca retribuição. O amor de Jesus por nós é desinteressado, pois nosso valor não está em nós mesmos, mas no fato de Deus nos amar incondicionalmente. É Ele quem nos criou e nos convida a ser quem fomos feitos para ser. Sem essa consciência, nossa Identidade Cristã se perde, misturada e confusa com o mundo.

A Construção da Nova Jerusalém em Nós

Para resgatar essa identidade, precisamos de consciência. Primeiro, a consciência de que Deus é real, não uma ideia; Ele é de verdade. A vida eterna é real, e a morte não tem a última palavra. Algo muito melhor nos espera. Se esta é uma verdade, então as palavras de Jesus não são utopia, mas uma capacidade que nos foi dada. Amar é um processo de construção sólida.

Apocalipse, capítulo 21, a partir do versículo 18, nos oferece uma visão da Nova Jerusalém, com seu novo céu e nova terra. Talvez não precisemos de um novo céu e uma nova terra externos, mas de um novo olhar. O mundo será o mesmo, mas a forma como o vemos será transformada. Essa transformação é uma construção interior, a edificação de cada um de nós, feita de pedras preciosas que simbolizam níveis de consciência e crescimento espiritual.

Jaspe: O Reconhecer e Amar a Si Mesmo

A primeira pedra é o jaspe, que representa o reconhecimento e o amor-próprio. É aceitar-se com luz e sombra, com imperfeições e defeitos. Amar aquilo que não gostamos em nós, aceitar a imagem que não queríamos ser, mas que faz parte do nosso ser.

Safira: A Aceitação da História e Genética

Depois de aceitar o que somos, chegamos à safira: a aceitação da nossa genética, da nossa história e de todo o código que nos forma. É acolher todas as nossas imperfeições, sem se deixar abalar por comparações ou ideais inatingíveis.

Calcedônia: A Confiança e Segurança Interior

A calcedônia simboliza a confiança no que somos. Ao entender que somos feitos de luz e sombra, desenvolvemos uma segurança interior que nos permite enfrentar qualquer desafio. Saber quem somos nos torna mais resilientes.

Esmeralda: O Desapego de Si

Uma pedra tão linda como a esmeralda nos convida a trabalhar o desapego de nós mesmos. É analisar como reagimos a críticas e elogios. O desapego nos liberta da opinião alheia, reconhecendo que nosso valor vem de Deus, e não do que pensam de nós.

Sardônica: O Reconhecimento da Alteridade

Quando nos construímos individualmente, passamos a nos relacionar com o outro. A sardônica marca o reconhecimento da alteridade: o outro é diferente de mim, e suas perspectivas podem me acrescentar, em vez de me trair.

Coralina: A Aceitação da Diferença

A coralina é a aceitação dessa diferença. É entender que o que o outro pensa, mesmo que distinto do nosso pensamento, pode complementar nossa visão de mundo. As diferenças enriquecem e promovem um diálogo construtivo.

Crisólita: A Construção da Confiança

Como construir uma nova sociedade sem confiança? A crisólita representa a reconstrução da confiança no outro, em tempos onde a palavra parece ter perdido seu valor. Sem confiança mútua, a base de qualquer relacionamento se desfaz.

Berilo: O Caminho da Fidelidade

A fidelidade ao outro só é possível se houver confiança. O berilo simboliza essa lealdade que nasce de uma confiança sólida, desenvolvida em cada etapa da nossa caminhada de consciência.

Topázio: A Descoberta da Fonte Divina

Na etapa do topázio, reconhecemos que não somos nossa própria fonte de vida. Alguém nos fez, e essa fonte é Deus. É a consciência de que somos criados por um ser superior, que nos ama e nos sustenta.

Crisópraso: A Adoração ao Criador

O crisópraso nos leva à adoração. Quando reconhecemos a Deus como nossa fonte, nosso espírito se abre ao d’Ele, vivendo em um estado de reverência e entrega. É a conexão profunda que preenche nosso ser.

Jacinto: A Entrega e Confiança em Deus

A pedra jacinto representa a confiança plena em Deus, mesmo quando as coisas não acontecem como desejamos. É a certeza de que Ele sabe o que é melhor para nós, e Sua misericórdia prevalece, independentemente das circunstâncias.

Ametista: O Amor em Participação com Deus

Por fim, a ametista simboliza o amor em participação com Deus. Agora, podemos ser Seus braços, pernas, olhos e coração, atuando ativamente em Sua obra. Essa é a manifestação completa da nossa Identidade Cristã.

O Poder da Oração e a Transfiguração

Para que essa construção seja sólida, precisamos de momentos fortes de oração. É na oração que mergulhamos no mistério da nossa relação com Deus, experimentando uma transfiguração, assim como Jesus no monte. É ali que ganhamos a coragem para viver esse amor incondicional, sem medo de críticas, permitindo que a luz divina que habita em nós seja mostrada. O Senhor será nossa luz, e as pessoas O verão em nós quando permitirmos que essa Nova Jerusalém seja edificada em nosso interior.

A palavra de Jesus é um convite pessoal a cada um: “Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros.” Como revelaremos Jesus ao mundo se não for por nossas atitudes de amor? Um amor desinteressado, que olha o outro como irmão, cuidando daquilo que tem menor valor. Não somos apenas nossa aparência; somos templo vivo de Deus. Precisamos de disciplina e oração para descobrir quem somos, quem realmente habitou em nós. Não nos percamos em vidas sem sentido, deprimidas ou ansiosas. Vivamos o hoje, com atitudes de amor, avaliando nossa caminhada como discípulos.

Que possamos dar testemunho desse amor, mostrando que a fé não é um conto de fadas, mas uma realidade transformadora. Deus é real, e Sua proposta de eternidade é verdadeira. Amar desinteressadamente, sem avaliar merecimento, porque nosso modelo é o amor do Pai. Em cada pequena atitude, podemos fazer as pessoas atentas a uma outra realidade, à presença de Deus. Que Ele nos conceda a graça de entender em que ponto estamos em nossa jornada espiritual, em qual pedra precisamos trabalhar. O Pai confia em nós, Ele nos diz: “Vá em direção a você mesmo. Vá ao extremo da sua humanidade, descubra quem você é, para que descubra Aquele que habita em você.”

Não tenhamos medo de nos conhecer, de nos amar, de conhecer o outro e de nos entregar a Deus. Ele não descansará enquanto não nos buscar um por um, pois somos preciosos, únicos, amados e sagrados. A primeira forma de transfiguração é reconhecer que somos filhos d’Ele. Que essa consciência ressuscite o amor em nós e nos reconstrua, lembrando-nos quem somos: olhos d’Ele no mundo. Não tenhamos medo de nos rasgar diante do Senhor, mostrando a Ele nossas dificuldades, para que Ele nos cure. Deus só quer o melhor para nós.

Nossa oração hoje é um clamor pela renovação dessa lembrança, dessa certeza de quem verdadeiramente somos:

Oração:
“Estamos aqui hoje, mais uma vez, pedimos: queremos reconhecer como filhos e filhas amados. Que o Senhor cuida, que o Senhor caminha, que o Senhor dá a certeza que está conosco nessa caminhada, às vezes tão árdua, tão difícil, com tanta pedra no caminho. Mas quando temos certeza que nessa caminhada, caminhamos de mãos dadas com o nosso Pai, tudo transcorrerá da melhor maneira possível. Por isso, me faz lembrar quem verdadeiramente eu sou: filho, filha amada, escolhido. Amém.”

Compartilhe nas redes sociais​

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp

Artigos Recentes

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso portal.

Escolha onde prefere ouvir:

Escolha onde prefere ouvir:

Escolha onde prefere ouvir:

Escolha onde prefere ouvir:

Escolha onde prefere ouvir:

Escolha onde prefere ouvir: