No dia 1º de novembro, a Igreja Católica nos convida a uma celebração de profunda alegria e esperança: a solenidade de Todos os Santos. Esta festa não é apenas uma data no calendário; é um momento para refletirmos sobre o propósito de nossa existência e a promessa de uma vida plena junto a Deus. Nela, honramos todos aqueles que já alcançaram a glória do céu, sejam eles canonizados ou anônimos, mas que viveram sua fé de forma exemplar.
É uma ocasião para entendermos o que a Igreja realmente pretende celebrar com este dia. É um convite para olhar para a nossa própria vocação à santidade, um caminho que Deus preparou para cada um de nós. A festa de Todos os Santos é um farol que ilumina o destino final de todos os que amam a Deus.
A Celebração de Todos os Santos no Calendário Litúrgico
Tradicionalmente, a festa de Todos os Santos é celebrada no dia primeiro de novembro. Esta data fixa precede o Dia de Finados, ou Dia de Todos os Fiéis Defuntos, em 2 de novembro. No entanto, em países como o Brasil, onde 1º de novembro não é feriado, a Igreja transfere esta solenidade para o domingo mais próximo, garantindo assim que mais fiéis possam participar desta importante celebração.
Esta proximidade entre as duas datas é intencional e significativa. No dia primeiro, celebramos os que já estão no céu, plenamente salvos e na glória de Deus. No dia dois, lembramos e rezamos por aqueles que, embora já salvos, ainda estão em processo de purificação no purgatório. A Igreja, em sua sabedoria, abraça a todos os seus filhos, vivos e falecidos, que estão no caminho da salvação.
Além do Dia das Bruxas: A Verdade Cristã
É importante fazer uma distinção clara em relação a uma outra celebração que ocorre em 31 de outubro, conhecida como Dia das Bruxas ou Halloween. Este dia, por imitação diabólica, foi associado por algumas culturas a uma festa para aqueles que teriam sido condenados ao inferno. Contudo, para os cristãos, não existe nenhuma festa nesta data que tenha conotação espiritual positiva.
Nós não celebramos os que foram para o inferno porque, para nós, a condenação eterna é uma fonte de grande tristeza, não de comemoração. Reconhecemos o inferno como uma triste possibilidade, resultado da nossa liberdade de rejeitar a Deus. Mas nossa fé e esperança se voltam para a alegria de saber que muitos de nossos irmãos e irmãs estão no céu, uma realidade que nos enche o coração de júbilo.
O Chamado Divino: A Felicidade Eterna e as Bem-Aventuranças
A Liturgia de hoje nos convida a meditar sobre o Evangelho de São Mateus, capítulo 5, versículos 1 a 12, as Bem-Aventuranças. Jesus Cristo veio ao mundo para nos ensinar e nos conduzir a uma felicidade eterna, uma felicidade ininterrupta e plena junto de Deus. Este é o nosso destino, o caminho para o qual fomos criados. Ninguém foi criado para a condenação; o inferno é uma possibilidade, não um desígnio divino.
Somos dotados de livre arbítrio. Temos a liberdade de amar a Deus, de seguir Seu caminho, ou de, infelizmente, rejeitá-Lo. A escolha é nossa. Mas a grande alegria da festa de Todos os Santos reside em reconhecer que muitos de nossos irmãos e irmãs usaram sua liberdade de forma extraordinária: para amar a Deus acima de tudo.
Como os santos amaram a Deus? Eles O amaram como uma resposta. A característica fundamental do santo é a certeza de que ele já é profundamente amado por Deus. Esta verdade ilumina as Bem-Aventuranças. Como podemos dizer que são bem-aventurados os pobres em espírito? Só é possível entender isso porque acreditamos que já fomos amados por Deus, e nossa resposta é amar a Ele em retorno.
Essa certeza do amor divino nos liberta. Não precisamos mendigar felicidades mundanas ou buscar riquezas passageiras na terra. Já sabemos que fomos amados, e isso por si só nos preenche de uma felicidade e alegria indescritíveis. Esta é a realidade que celebramos hoje, a realidade do amor de Deus por nós, manifestada na vida dos santos.
Que a festa de Todos os Santos encha nossos corações de esperança. Que ela nos inspire a usar nossa liberdade para amar, com a convicção de que um dia poderemos também estar felizes e bem-aventurados, na glória de Deus, junto de todos os nossos irmãos e irmãs que já nos precederam no céu.






