São João XXIII
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Santo do Dia: São João XXIII, o Papa do supremo zelo pastoral – O Pastor que Abriu Janelas

No vasto panteão dos santos da Igreja, alguns brilham com uma luz particular de bondade e sabedoria, deixando um rastro de renovação e esperança. É o caso de São João XXIII, carinhosamente conhecido como o “Papa Bom”, cuja vida foi um testemunho luminoso do supremo zelo pastoral e de uma humanidade que abraçou o mundo. Celebramos hoje este gigante da fé, cujo legado continua a ressoar, convidando-nos a abrir as janelas da alma ao sopro do Espírito.

Da Humildade da Terra à Cátedra de Pedro

A história de Angelo Giuseppe Roncalli, que viria a ser São João XXIII, começa na simplicidade da vida camponesa, em Sotto il Monte, uma pequena aldeia na província de Bérgamo, Itália, em 1881. Filho de uma família humilde, Angelo cresceu com os pés na terra e o coração voltado para o céu, características que moldariam toda a sua existência. Desde cedo, manifestou uma profunda inclinação à vida espiritual, registrando suas reflexões e aspirações no seu famoso “Giornale dell’anima” (Diário da Alma), um tesouro de piedade e introspecção que revela a intimidade de sua jornada com Deus.

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Sua formação no seminário de Bérgamo e, posteriormente, em Roma, culminou na ordenação sacerdotal em 1904. Logo percebeu-se a inteligência e a sensibilidade pastoral do jovem sacerdote. Serviu como secretário de um bispo, assimilando a vivacidade e o espírito reformador que seriam marcas de seu próprio pontificado. Sua experiência durante a Primeira Guerra Mundial como sargento médico e capelão militar também forjou nele uma profunda compaixão pelas dores humanas.

Um Coração Aberto ao Mundo: Os Anos de Serviço Diplomático

Antes de ascender ao papado, a Providência conduziu Angelo Roncalli por um caminho notável de serviço diplomático. Em 1925, foi enviado à Bulgária como Visitador Apostólico, e depois para a Turquia e Grécia, e, por fim, para a França como Núncio Apostólico. Estes foram anos de semeadura discreta, onde a sua natural abertura e gentileza permitiram-lhe construir pontes em contextos religiosos e culturais diversos. Seu lema episcopal, “Oboedientia et Pax” (Obediência e Paz), não era apenas uma frase bonita, mas uma bússola que guiava suas ações, priorizando a escuta atenta à vontade de Deus e a busca incansável pela concórdia.

Foi nestas missões que o futuro Papa desenvolveu uma visão verdadeiramente universal da Igreja, compreendendo as diferentes realidades e a urgência do diálogo. Essa experiência, muitas vezes em cenários de tensão pós-guerra, seria crucial para o que Deus lhe reservaria.

O Papa de “Transição” que Abraçou a Revolução do Espírito

Em 1953, após anos de serviço em terras estrangeiras, foi criado cardeal e nomeado Patriarca de Veneza, um aparente epílogo tranquilo para uma vida dedicada à Igreja. Mas o Senhor tinha planos maiores. Em 1958, com 77 anos, após a morte do Papa Pio XII, o Cardeal Roncalli foi eleito Papa, surpreendendo muitos. Visto inicialmente como um “Papa de transição” devido à sua idade, ele se tornou, nas mãos de Deus, o grande renovador da Igreja moderna.

Apenas três meses após sua eleição, em 25 de janeiro de 1959, São João XXIII assombrou o mundo com um anúncio inesperado e audacioso: a convocação de um Concílio Ecumênico para a Igreja Universal. Era o Vaticano II, um evento que mudaria o curso da história da Igreja, abrindo-a para o mundo contemporâneo. Sua famosa frase, “Quero abrir as janelas da Igreja para que possamos ver o que está acontecendo lá fora e para que o ar fresco de Deus possa entrar“, resume perfeitamente a sua visão.

Seu pontificado de apenas cinco anos foi marcado por um zelo pastoral ardente. O “Papa Bom” não se limitava ao Vaticano; ele visitava hospitais, prisões, orfanatos, aproximando-se do povo de Roma com um sorriso acolhedor e um coração paternal. A internacionalização do Colégio Cardinalício e o valor crescente dado aos episcopados locais foram sinais concretos de sua abertura e visão.

Um Legado de Paz e Caridade

A última de suas oito encíclicas, “Pacem in Terris” (Paz na Terra), publicada em 1963, foi um testamento profético. Em um mundo dividido pela Guerra Fria e ameaçado por conflitos nucleares, ele clamou pela paz baseada na verdade, justiça, caridade e liberdade. Era uma mensagem de esperança para a humanidade, vinda de um homem já marcado pela doença que o levaria à páscoa.

São João XXIII partiu para a Casa do Pai em 3 de junho de 1963, deixando uma Igreja renovada e um mundo mais consciente da necessidade de diálogo e fraternidade. Sua beatificação por São João Paulo II em 2000 e sua canonização por Papa Francisco em 2014 confirmaram a santidade de um homem que, com sua extraordinária humanidade e seu supremo zelo pastoral, soube derramar sobre todos a abundância da caridade cristã.

A Mensagem de São João XXIII para Hoje

A vida de São João XXIII nos ensina que a verdadeira santidade reside na simplicidade, na obediência e na capacidade de amar. Ele nos convida a sermos “bons cristãos”, abertos ao diálogo, à compreensão e à renovação que o Espírito Santo constantemente nos propõe. Em um tempo de tantas polarizações e fechamentos, a figura do Papa que abriu as janelas da Igreja é um lembrete poderoso de que a fé não se enclausura, mas se irradia, abraçando a todos com a ternura do Evangelho.

Que a coragem, a bondade e a ternura de São João XXIII nos inspirem a ser sempre instrumentos da paz de Cristo e a manter as janelas da nossa alma abertas ao sopro vivificante do Espírito Santo, confiantes de que Deus tem sempre um plano de amor para nós e para o mundo.

Fonte de inspiração: Canção Nova

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