Santo do Dia- Santo André Kim e companheiros mártires da Coreia – A Semente de Sangue que Floresceu
Santo do Dia- Santo André Kim e companheiros mártires da Coreia – A Semente de Sangue que Floresceu

Santo do Dia: Santo André Kim e companheiros mártires da Coreia

Na história da fé, existem capítulos escritos com uma tinta inesquecível: o sangue dos mártires. E entre esses relatos de heroísmo, a Igreja na Coreia se destaca como um farol de perseverança e amor incondicional a Cristo. Sua origem, notavelmente, brotou de um solo fértil de corações leigos, um testemunho vibrante do Espírito Santo agindo em quem Ele quer.

Uma Igreja Nascida do Espírito

Diferente de muitas comunidades cristãs fundadas por missionários estrangeiros que chegavam primeiro, a semente da fé católica na Coreia foi plantada e cultivada pelas mãos de seus próprios filhos. No final do século XVIII, a Coreia, então um reino isolado, começou a receber livros e ensinamentos cristãos trazidos por delegados que visitavam a China. Homens e mulheres coreanos, movidos por uma sede de verdade e tocados pela graça divina, abriram-se à nova mensagem, estudaram e começaram a viver o Evangelho. Eles fundaram as primeiras comunidades, batizavam-se uns aos outros e viviam uma fé profunda e comunitária, muito antes da chegada de um sacerdote.

Santo do Dia- Santo André Kim e companheiros mártires da Coreia – A Semente de Sangue que Floresceu

Essa peculiaridade é uma curiosidade histórica e espiritual profunda: mostra que o Espírito Santo não depende de estruturas ou hierarquias para iniciar Seu trabalho, mas encontra morada em almas sedentas. É um convite para nós, leigos de hoje, a reconhecer o poder e a responsabilidade que temos na evangelização de nossas próprias comunidades e famílias.

A Chama da Perseguição

Com o tempo, a fé cresceu. O desejo por uma vida sacramental plena levou os leigos coreanos a implorar por sacerdotes. A China respondeu, e missionários, como o Padre Chu-mun-mo, chegaram, iniciando as celebrações litúrgicas e aprofundando a vida cristã. No entanto, o rápido florescimento da fé não passou despercebido. O governo coreano, apegado às tradições ancestrais, viu o cristianismo como uma ameaça à ordem social e política. Em 1802, decretou-se um édito de perseguição que não apenas proibia a crença, mas visava o extermínio dos cristãos. Iniciava-se uma era de sofrimento que duraria décadas.

Apesar da perseguição e do martírio do primeiro sacerdote chinês, a fé não recuou. Pelo contrário, parecia fortalecer-se. Em 1837, novos missionários e um bispo das Missões Estrangeiras de Paris conseguiram entrar no país clandestinamente, dando novo alento à Igreja perseguida.

Santo André Kim Taegon: O Primeiro Pastor Coreano

Em meio a essa tempestade, Deus preparava um líder nascido do próprio solo coreano. André Kim Taegon, nascido em 1821, era filho de uma família profundamente convertida. Sua casa era uma igreja doméstica, onde a fé era respirada e nutrida. André conheceu o custo do discipulado muito cedo: seu pai foi martirizado aos 44 anos. Em vez de quebrar sua fé, essa perda a fortaleceu. O chamado de Deus o levou a Macau para o seminário, e em 1845, ele foi ordenado o primeiro sacerdote coreano nativo.

Ao retornar à Coreia, André trabalhava incansavelmente em segredo, aproveitando seu conhecimento da cultura e dos costumes locais para pregar o Evangelho e ajudar a entrada de outros missionários, como o Bispo Ferréol. Seu apostolado era um farol de esperança em meio à escuridão. Contudo, seu zelo foi notado. Tentando enviar documentos e testemunhos para a Europa, foi preso e, em 16 de setembro de 1846, ofereceu sua vida a Cristo no martírio, tornando-se o protomártir do clero coreano.

A Nuvem de Testemunhas: Os Companheiros Mártires

Santo André Kim não estava sozinho em seu testemunho. A Igreja coreana gerou aproximadamente dez mil mártires. Desses, a Igreja canonizou 103, agrupados para uma festa comum, liderados por André Kim Taegon. Entre eles, encontramos três bispos, oito presbíteros e uma imensa maioria de leigos: homens e mulheres, casados e solteiros, jovens, idosos e até crianças. Cada um deles, um atleta de Cristo, sustentou o suplício, oferecendo seu precioso sangue como semente da fé.

Um exemplo notável entre eles é Paulo Chong Hasang. Ele era um catequista leigo extraordinário, um verdadeiro herói da fé. Jovem, presenciou o martírio de metade de sua família. Após ser libertado e perder todos os bens, sua fé não apenas permaneceu intacta, mas se tornou ainda mais robusta. Paulo se dedicou fervorosamente à comunidade cristã de Seul, fazendo quinze peregrinações a pé à China, em meio a enormes dificuldades e perigos, para conseguir trazer sacerdotes e missionários. Ele sonhava em se tornar sacerdote, mas foi preso e martirizado em 22 de setembro de 1839, antes de realizar seu desejo sacerdotal, mas plenamente santo em sua vocação leiga.

Essas histórias nos revelam uma fé sem limites, que vê no martírio não um fim, mas a coroação de uma vida entregue. A canonização desses 103 mártires pelo Papa João Paulo II em 1984, na própria Coreia, foi um reconhecimento global de sua inabalável fidelidade.

O Legado para Nossos Dias

O testemunho de Santo André Kim e seus companheiros ressoa poderosamente em nossos corações hoje. Eles nos ensinam que a Igreja é de todos: clérigos e leigos, jovens e velhos, homens e mulheres. A missão evangelizadora não é privilégio de poucos, mas um chamado universal que se manifesta em diferentes vocações e circunstâncias.

Em um mundo onde a fé muitas vezes é vista com desdém ou enfrentamos “perseguições brancas” – como a indiferença, o relativismo ou a pressão para nos calarmos –, a coragem dos mártires coreanos nos impulsiona a permanecer firmes na verdade, a não ter medo de testemunhar nossa fé em nossos lares, em nossos trabalhos, em nossos círculos sociais. Eles nos convidam a viver nossa fé com a mesma intensidade, dedicação e amor que eles demonstraram, prontos para dar tudo por Cristo.

Que a intercessão desses bravos mártires nos inspire a ser verdadeiros discípulos missionários, a construir a Igreja onde quer que estejamos e a manter a chama da fé acesa em nossos corações, custe o que custar.

Santo André Kim Taegon e companheiros mártires, rogai por nós!

Que o exemplo de sua fé inabalável nos encoraje a cada dia a viver o Evangelho com coragem e alegria, pois o amor a Cristo é a verdadeira força que supera o mundo.

Fonte de inspiração: Canção Nova

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