A consagração total a Jesus por meio de Nossa Senhora, segundo São Luís Maria Grignion de Montfort, é um dos atos de amor mais profundos e transformadores que um católico pode realizar. Não se trata de uma simples devoção, mas de uma verdadeira entrega da vida espiritual, confiando tudo nas mãos da Mãe de Deus, para que Ela nos conduza com segurança até seu Filho.
Neste artigo, explicamos passo a passo, de forma clara e detalhada, como realizar a consagração corretamente, segundo o ensinamento da Tradição e do próprio São Luís. Acompanhe atentamente cada passo.
1. Escolha da Data da Consagração
O primeiro passo é escolher a data em que você fará sua consagração. A tradição sugere que seja uma data mariana – como 25 de março (Anunciação), 8 de dezembro (Imaculada Conceição), 13 de maio (Nossa Senhora de Fátima) ou 12 de outubro (Nossa Senhora Aparecida). No entanto, isso não é obrigatório. Você também pode escolher uma data pessoalmente significativa, como o seu aniversário, o dia de seu batismo ou algum outro momento marcante da sua vida espiritual.
O importante é que você tenha tempo suficiente para se preparar espiritualmente antes da consagração. Se for seguir o caminho tradicional de 30 dias de preparação, escolha a data da consagração e conte 30 dias para trás: será quando você começará sua jornada de oração e formação espiritual.
2. Leitura do “Tratado da Verdadeira Devoção”
Antes de se consagrar, é indispensável ler o livro “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, de São Luís Maria Grignion de Montfort. É ele quem propõe essa consagração, explicando sua importância, fundamentos teológicos, prática espiritual e benefícios. Trata-se de um texto profundo, que precisa ser lido com atenção e espírito de oração.
Caso você tenha dificuldade de ler (por problemas de tempo ou saúde), procure alternativas como escutar o tratado em audiobook, acompanhar vídeos explicativos ou pedir que alguém o leia com você. O importante é que você compreenda bem o que está fazendo. A consagração não pode ser feita de forma superficial ou sem conhecimento.
3. Os 30 Dias de Oração Preparatória
A preparação espiritual dura 30 dias, divididos em quatro etapas, conforme o próprio São Luís propõe no tratado:
- 12 dias iniciais: para desapego do espírito do mundo.
- 6 dias: para conhecimento de si mesmo.
- 6 dias: para conhecimento da Virgem Maria.
- 6 dias: para conhecimento de Jesus Cristo.
Durante esse período, além das orações diárias específicas (que constam no tratado), é essencial dedicar tempo à meditação, ao exame de consciência e à vida sacramental. Muitas apostilas, livros e sites católicos ajudam com roteiros diários. Aqui, a regularidade e a fidelidade são mais importantes que a quantidade: o essencial é formar o coração para a entrega total.
4. Confissão: Estar em Estado de Graça
No dia da consagração, é essencial estar em estado de graça, ou seja, sem pecado mortal. Para isso, o ideal é fazer uma boa confissão, de preferência na semana da consagração. Não é necessário confessar-se exatamente no dia, mas é necessário que, no momento da consagração, sua alma esteja purificada e preparada.
Isso é crucial porque, ao se consagrar, você estará entregando o valor espiritual de todas as suas boas obras, inclusive orações e penitências, para serem administradas por Maria. E essas obras só têm mérito quando feitas em estado de graça. Sem isso, não há frutos espirituais a serem oferecidos.
5. A Comunhão no Dia da Consagração
São Luís recomenda que, se possível, você comungue no dia da consagração. Receber Jesus Eucarístico nesse momento é um sinal de união profunda com Ele, por meio de Maria. Contudo, não é obrigatório, especialmente em situações excepcionais (como aconteceu durante a pandemia).
Se for possível, participe da Santa Missa nesse dia e, após comungar, faça ali mesmo, em recolhimento e oração, a sua consagração. Esse momento será um marco em sua vida espiritual, e nada melhor que realizá-lo em comunhão com Cristo no altar.
6. Um Presente para Nossa Senhora
Como expressão concreta de amor, São Luís sugere que se ofereça um pequeno tributo a Maria no dia da consagração. Pode ser algo simbólico, mas com significado espiritual:
- Um jejum.
- Uma obra de caridade.
- A doação de algo que você valoriza.
- Um tempo especial de oração.
O que importa aqui é o gesto interior: demonstrar à Mãe de Deus que você está entregando a Ela não só sua alma, mas também tudo o que possui, para que tudo seja de Jesus por meio d’Ela.
7. O Ato de Consagração e o Sinal Externo
Por fim, você fará o ato formal da consagração, lendo e assinando a fórmula indicada no Tratado. Essa fórmula pode ser copiada à mão, impressa, ou lida de um livro ou tela. O importante é que você o faça com recolhimento e sinceridade.
Além disso, São Luís recomenda que você passe a usar um sinal visível da sua consagração. Pode ser um anel, uma medalha, um escapulário, ou algo discreto que simbolize sua pertença a Maria. Não se trata de vaidade, mas de lembrar-se diariamente da entrega que você fez.
É importante frisar que a consagração pode ser feita em casa, sozinho(a), sem a presença de um padre. Porém, se houver a possibilidade de fazê-la dentro da Santa Missa, com a bênção de um sacerdote e com outros irmãos consagrandos, isso pode enriquecer ainda mais o momento.
COMO se CONSAGRAR a Nossa Senhora?
Fazer a consagração total a Jesus pelas mãos de Maria é assumir uma nova forma de viver a fé católica: tudo com Maria, por Maria, em Maria e para Maria, para que tudo seja para Jesus. É um caminho de amor, confiança, humildade e entrega, que transforma o coração e santifica a alma.
Se você seguir esses sete passos com seriedade, perseverança e fé, estará preparado para se consagrar com profundidade, dando um passo decisivo no seu caminho rumo à santidade.
Fonte: padre Francisco Amaral – Minha Biblioteca Católica